“Os Romenos, gente de trabalho e gente de festa”


“Os camponeses celebram a Páscoa, o Natal, os domingos, cumprem o jejúm; isso é seguem à risca o espírito da celebração; uma pessoa sem fé em Deus recebe o feriado sem nenhuma preparação. Celebrar significa preservar e respeitar.” (Ioana Popescu, vice-diretora, Museu do Camponês Romeno).
O Instituto Cultural Romeno de Lisboa, em parceria com a associação Doina da comunidade romena de Algarve e a Biblioteca Municipal de Loulé, apresentam entre 24 de novembro e 9 de dezembro a exposição “Os romenos, gente de trabalho e gente de festa”. A inauguração terá lugar sábado, dia 24 de novembro de 2012, às 11h00, na sede da Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen de Loulé, rua José Afonso.

Reunindo fotografias a preto e branco* de tempos e lugares diferentes, mas circunscritas ao espaço rural romeno, a exposição pretende mostrar ao público português uma imagem completa sobre a vida dos camponeses da Roménia, a diversos intervalos de tempo. Em qualquer país, ignorando as fronteiras espaciais, a aldeia vive num tempo diferente, ao ritmo da estação, e não do calendário composto por dias, meses e anos, sem férias e horários de expediente claramente traçados. Quer se trate de feriados populares ou religiosos, estes voltam a acontecer cada ano, dividindo os dias num tempo dedicado aos trabalhos quotidianos e num outro, sagrado, destinado à celebração da natureza ou da divindade.

Num mundo de urbanização excessiva, quando celebrar se confunde cada vez mais com as compras e a diversão, e o trabalho torna-se num mero meio de ganhar dinheiro para cumprir essas necessidades, consideramos necessário lançar um convite à reflexação em torno da medição e significado do tempo. O feriado significa harmonia com a natureza e relação com o sagrado, coesão comunitária, e não individualismo, uma rutura com as preocupações mundanas, e não materialismo. Portugal, tal como a Roménia, é um país com profundas e importantes raízes de tradição rural, e acreditamos que este exposição irá reforçar as afinidades entre os nossos países. Por outro lado, queremos relembrar aos nossos compatriotas luso-residentes as palavras do poeta romeno Lucian Blaga: “a eternidade nasceu na aldeia” – num mundo que tem sobrevivido às guerras, à fome, às epidemias e aos momentos de crise. Um mundo que não devemos esquecer, mas, pelo contrário, guardar, dentro do possível, encorajando-o a persistir nos seus tempos de trabalho e de festa.

Agradecemos o apoio da Sra Ioana Popescu, etnólogo, vice-diretora, Museu do Camponês Romeno, Bucareste e da Fundação Cultural Intact.

*Fotografias do património do Instituto Cultural Romeno de Lisboa recebidas como doação: A. 8 fotografias dos Arquivos do Museu do Camponês Romeno, da autoria de Aurel Bauch e Iosif Berman, de 1929, anos 30 e 40; B. 17 fotografias apresentadas no âmbito de uma exposição do Museu do Camponês Romeno: "Aldeia e palácio. Vila Udriște-Năsturel. Herești" 1998 e na Embaixada da Roménia em Lisboa em 2003; C. 5 fotografias de Florin Ștefan expostas pelo ICR Lisboa em 2007, no âmbito da exposição "Dança dominical em Maramureș"