






No mês de maio de 2017, a editora discográfica portuguesa Clean Feed Records, uma das mais premiadas e prestigiosas editoras de jazz do mundo, publicou o álbum Sounding Tears. No âmbito deste projeto, os músicos Lucian Ban e Mat Maneri colaboraram com o saxofonista britânico Evan Parker, uma das grandes lendas do jazz europeu nas últimas quatro décadas. Em outubro de 2017, o Trio fará uma digressão de apresentação deste álbum na Europa, com concertos marcados na Alemanha Bélgica, Inglaterra, Holanda, Portugal e Roménia.
Com o apoio do Instituto Cultural Romeno em Lisboa, Sounding Tears Trio dará um concerto no dia 18 de outubro deste ano, a partir das 22:00, na Casa da Música do Porto, uma das grandes instituições musicais da Europa. Integrado no festival “Outono em Jazz”, o concerto, com uma duração de cerca de 60 minutos, apresentará peças do álbum Sounding Tears, bem como doinas (cançoes líricas populares romenas) ou peças de George Enescu do álbum Transylvanian Concert.
Como podemos ler no site da Casa da Música: “Outono em Jazz é um momento alto do Ciclo de Jazz, concentrando uma série de propostas imperdíveis sem um foco específico em qualquer tendência estilística. Assume-se assim aquela que é uma das facetas mais características deste género: o cruzamento de territórios e a absorção das mais variadas influências da contemporaneidade. A programação de 2017 inclui as vozes de Dianne Reeves, uma diva do jazz que explora também os territórios R&B e soul, e de Maria João, numa nova parceria com uma das luminárias da música brasileira, Egberto Gismonti. Mas ainda a bateria afrobeat de Tony Allen numa homenagem a Art Blakey, o flamenco em forma de jazz com os sevilhanos La Bejazz, o rap sobre samba-jazz com Marcelo D2 e o mergulho na música popular brasileira com a abordagem ousada de Quartabê sobre a obra de Moacir Santos e com o clarinete virtuoso de Anat Cohen. A viagem pelo soul de Filadélfia na guitarra de Marc Ribot é temperada com o tributo ao free jazz de Ornette Coleman, e as linguagens mais abertas de improvisação estão também presentes com o ensemble de Peter Evans e o trio de Mat Maneri, Evan Parker e Lucian Ban. Presença habitual no Outono em Jazz é o blues, que nos chega através da slide guitar virtuosa e da voz de Jack Broadbent, imersa no imaginário folk/roots. São 13 propostas distribuídas por oito concertos imperdíveis que celebram o jazz nas suas mais variadas formas”.
Mat Maneri é um pioneiro da viola d’arco no universo do jazz, explorando tanto a livre improvisação como as referências eruditas do século XX. Filho do saxofonista Joe Maneri, desenvolve uma parceria duradoura e aclamada com o pianista da Transilvânia, Lucian Ban, tendo o duo recebido grandes elogios pela desconstrução da música de Enescu num disco de 2009. Os dois músicos juntaram-se mais recentemente ao histórico saxofonista Evan Parker, uma figura-chave do jazz avant-garde desde há quatro décadas, para editarem pela Clean Feed o álbum Sounding Tears. Nas palavras de Maneri, este disco é “como uma mistura de Lester Young com algo insano; com raízes no passado de um universo paralelo que pode nunca ter existido.” Música desafiante e avançada, com uma forte componente de improvisação, tal como o trio deverá fazer ouvir na Casa da Música.
Em 2009, a pianista romeno Lucian Ban colaborou pela primeira vez com o violista e violinista americano Mat Maneri (nomeado para os Grammy Awards) no âmbito do projeto Enesco Re-Imagined. Três anos depois, Lucian Ban e Mat Maneri gravaram em dueto Transylvanian Concert para a famosa casa ECM Records. O álbum recebeu grande apreciação da mídia em todo o mundo, tendo ganho dois prémios Best Album Of The Year por parte de All About Jazz USA, Cuadernos de Jazz Spain e trazendo o reconhecimento internacional ao pianista romeno.
Originário da Transilvania, Lucian Ban é um jazzman completo (pianista, compositor e arranjador), que se afirmou rapidamente no palco europeu e americano. Entre os êxitos de Lucian Ban, concretizados em digressões transcontinentais e álbums discográficos, convém destacar as colaborações com músicos de prestígio tal como Barry Altschul, Sam Newsome, Mark Feldman, Tony Malaby, Ralph Alessi, Abraham Burton, Nasheet Waits, Jorge Sylvester, John Hébert, Brad Jones, Badal Roy e outros. O artista manifestou a sua criatividade no âmbito das suas bandas nova-iorquinas – Tuba Project, Elevation, Asymmetry – mas também através das suas ambiciosas obras de envergadura: The Romanian-American Jazz Suite e Enescu Re-Imagined.
Mat Maneri, nomeado em 2006 aos Grammy Awards pelo Best Alternative Music Album, redefiniu, ao longo de uma carreira de mais de um quarto de século, a missão e a voz de viola e de violino no jazz e na música improvisada. O artista é reconhecido como um dos músicos de jazz contemporâneos mais criativos. Nos últimos anos, colaborou com nomes como Joe Morris, Vijay Iyer, Matthew Shipp, Marilyn Crispell, Joelle Leandre, Kris Davis, Tim Berna e Craig Taborn.
O famoso saxofonista britânico Evan Parker é uma figura central no desenvolvimento do palco europeu de free jazz e improvisação. Considerado hoje como "um dos melhores improvisatores" (Chicago Reader), Parker nasceu em Bristol e começou a tocar saxofone aos 14 anos, estreando dessa forma a sua carreira brilhante no palco mundial do jazz. Embora estabelecido em Londres, trabalhou com artistas americanos, como Anthony Braxton, Steve Lacy e George Lewis.
Para mais informações: http://www.casadamusica.com/pt/ciclos-e-festivais/2017/outono-em-jazz/?lang=pt#tab=0