Exposição fotográfica
DANÇA DOMINICAL EM MARAMUREŞ
Autor: Florin Liviu Ştefan
"Após a Segunda Guerra Mundial e até à queda do regime comunista, as fronteiras «da ilha da latinidade do Leste Europeu» permaneceram quase impenetráveis. Excepto um curto período de liberalização entre 1964 e 1971, os Romenos foram privados do direito elementar de liberdade de circulação. Para toda a sociedade, especialmente para os intelectuais, esta política isolacionista teve um efeito catastrófico. Gerações sucessivas de espíritos criativos apagaram-se entre as fronteiras de arames farpados do país onde nasceram.
Entre os primeiros beneficiários da libertação de 22 de Dezembro de 1989 contaram-se os jovens estudiosos. Receberam, em dose maciça, o que tinha sido recusado aos seus antecessores de modo arbitrário: liberdade de expressão, acesso à informação, oportunidade de estudo, estruturas universitárias mais diversificadas, bolsas, convites para o estrangeiro… O autor da exposição Dança Dominical em Maramureş (Joc duminical în Maramureş), Florin Liviu Ştefan, é um representante típico desta geração privilegiada. Durante anos, Florin Liviu Ştefan vagueou pelo estrangeiro, na qualidade dum jovem e talentoso pintor, e também como leitor do Instituto das Artes Plásticas Ion Andreescu de Cluj, onde permaneceu após a sua licenciatura. Nascido em 1970, é um dos mais promissores artistas romenos.
Ademais, Florin Liviu é também o director do grupo coral Colindătorii din Cluj, empresário artístico e, desde 2000, afirma-se como artista fotógrafo.
As fotografias reunidas na exposição Dança Dominical em Maramureş (Joc duminical în Maramureş), foram captadas nesta zona histórica situada no norte da Transilvânia, onde permanece, até aos nossos dias, um tesouro inestimável de cerimónias, rituais, tradições, manifestações musicais e coreográficas, plenas de mistério e profundidade, evocando a ancestralidade pré-romana e manifestações célticas.
Na visão do fotógrafo, "a dança dominical representa para os habitantes de Maramureş um evento festivo típico após o serviço religioso. Aos domingos, diversas famílias organizavam danças no espaço a elas destinado, um pavilhão de madeira, protegido do frio, da chuva ou do sol excessivo. Os músicos (entre 3 a 5 instrumentistas) tocavam no centro, rodeados pelos dançarinos. Após o serviço litúrgico e antes da dança, todos os participantes comiam e bebiam refeições preparadas pelas mulheres. Esta comunhão dava azo a uma maior aproximação entre as diversas gerações."
O fotógrafo documenta – com um olho cúmplice e nostálgico, verdadeiras "relíquias vivas" duma espiritualidade transmitida de geração em geração. Das imagens transparece uma atmosfera contaminante, embebida de convívio, bonomia e humor.
De facto, os visitantes da exposição estão convidados a participar, duma maneira quase tangível, a realidade poliédrica da festa: músicas, danças e trajes herdados desde há séculos; os homens da aldeia recebendo os hóspedes com generosidade, as crianças, os jovens, os adultos e os velhos fiéis ao lugar milenar, uma celebração ancestral que deve ser respeitada e salvaguardada."
Dr. Virgil Mihaiu
Director do Instituto Cultural Romeno - Lisboa