RECITAL DE MARIA RĂDUCANU
DA DOINA AO FADO
Tal como o conceito portugues saudade nao encontra equivalente senao na palavra romena dor, também o fado pode ser considerado um correspondente mais afastado, no tempo e no espaço, da doina, a cançao ancestral específica dos "latinos do Oriente Europeu".
Maria Răducanu é uma cantora de rara sensibilidade e versatilidade, capaz de transpor, em paisagens musicais espontaneamente configuradas, a magia de várias línguas – portugues, frances, russo, romeno, etc. Quanto tem de musical, tanto tem de imprevisível; ruiva e de olhos verdes, sabe dosar com parcimónia os seus trunfos. O seu potencial criativo deita por terra quaisquer classificaçoes pré-estabelecidas: uma mistura efervescente de vulnerabilidade pessoal e força, de sensualidade e desprendimento, de feminilidade arquetípica e universalidade própria da natureza humana. O canto de Maria configura-se numa espécie de teatro-dança auditivo, em que os paradigmas musicais consagrados alternam (ou sao entrelaçados) com uma expressividade livre de constrangimentos. O resultado final é a descoberta da beleza como um florescimento miraculoso que vai acontecendo ao longo da interpretaçao.
Após digressoes de sucesso por França, Alemanha, Roménia, E.U.A, Albânia, Gra-Bretanha, etc., Maria Răducanu estreia-se em Portugal, acompanhada por dois notáveis improvisadores: o guitarrista sueco Krister Jonsson e o contrabaixista americano Chris Dahlgren. O espectáculo terá lugar, por ocasiao da inauguraçao oficial do Instituto Cultural Romeno de Lisboa, no dia 23 de Março de 2007, as 21 horas, no Anfiteatro do Instituto Franco-Portugues, na Av. Luís Bívar, 91, em Lisboa. No día 26 de Março de 2007, o Trio Raducanu/Jonsson/Dahlgren vai apresentar um recital no Palácio Foz, Praça dos Restauradores, Lisboa, as 21 horas. Entrada livre.
Maria Răducanu é um fenómeno especial, uma artista carismática, cuja declaraçao de amor pela capital do fado soa desta maneira: "Lisboa é a única mulher que eu seria capaz de beijar na boca".
Virgil Mihaiu
(versao portuguesa de Carolina Martins Ferreira)