Quinta-feira, dia 3 de outubro, pelas 20h00, ICR Lisboa lança um convite para a inauguração da exposição Escapes: Colony. Endocosmos. Ulysses. Unsent Postcards dos artistas romenos Mihail Coşuleţu, Iulia Nistor, Alexandru Rădvan şi Simona Vilău. O projeto, desenvolvido com o intuito de fomentar a parceria iniciada este ano com a Casa Museu Guerra Junqueiro e a Câmara Municipal do Porto, apresenta quatro artistas plásticos – com um forte prestígio no palco cultural romeno e internacional – que propõem individualmente um ciclo de obras recentes, concebidas numa óbvia “cumplicidade” ideática e, simultaneamente, numa incitante dissonância estílistica.
As suas Evasões (Escapes) constituem escapadas que desafiam a contemplação tradicional. A Torre de marfim, a clássica, banal metáfora do isolamento por cima da agitação mundana encontra equilíbrio na mais recente metáfora do esconderijo seguro, um outro lugar do auto-isolamento, no interior do mundo, nas suas tripas, onde esta caverna se pode tornar num túnel. A partir deste esconderijo, o próximo destino é aonde a imaginação nos levar. Quando um artista não está inteiramente implicado na dinâmica do ativismo social, mas, no entanto, continúa a ser sensível aos movimentos sociais e mudanças do seu tempo, a sua posição simbólica está no cruzamento entre o real, o imaginário e a recordação. A viagem sem interrupção de uma dimensão para outra cria visões influenciadas pela paixão de descobrir novos mundos no interior, durante viagens reais ou imaginárias ou, muitas vezes, enquanto se decifra a experiência de outros autores.
Mihail Coşulețu: A ColóniaA Colónia integrou um projeto extenso, chamado The Greater Good (2010-2012). O artista tem um discurso concentrado nas arquiteturas imaginárias, sejam elas inspiradas pelas tipologias modernistas blockhaus, ou pelas combinações pós-modernas de fragmentos estatuários em mármore ou granito. Os corpos servem para serem habitados pelos cidadãos imaginários das costas e ilhas projetadas pelo artista. A Colónia refere-se também às propriedades e aos valores liberais. Representa uma ironia fina, dirigida à inclinação natural do indivíduo de se privar da sua liberdade e de criar fronteiras e limitações que não existem na natureza.
Iulia Nistor: EndocosmoAs Ecogeografias de Iulia Nistor combinam a imagem fotográfica com a matriz da ecografia, correspondente à imagística medical e o filtro da memória sobrepõe-se a estes moldes. O preto e o branco das imagens e a sua ambiguidade nublada lembram-nos pouco a pouco, sem uma intenção descritiva, cidades visitadas pela artista, num fluxo da memória estritamente subjetivo. As fotografias em que se baseou a artista foram tiradas nas suas recentes viagens à Itália, Roménia e Brasil.
Alexandru Rădvan: UlissesAlexandru Rădvan descreve eventos possíveis num universo paralelo, com uma fina marca autobiográfica. Ele retrata de maneira muito pessoal o herói da antiguidade. As figuras masculinas vigorosas, mas ao mesmo tempo emotivas e frágeis, interferem com as descrições mais arcaicas e estáticas das figuras femininas, que aparecem muitas vezes como corpos físicos intensamente idolatrados, totémicos. A série inspirada por Ulisses representa uma abordagem subjetiva, interiorizada, que se propõe retratar a mais verídica fisionomia de uma personagem simbólica, ao qual o autor está emocionalmente ligado. Quem foi a todo o lado, viu tudo e nada esqueceu, segundo James Joyce, autor do romance Ulisses, presente nas obras de Alexandru Rădvan, que aborda este tema atrativo e interminável, do retorno para um lugar pessoal do reencontro de um eu que fez as pazes consigo próprio.
Simona Vilău: Postais não enviados
As recentes obras em papel e tela (2011-2013) são imagens irónicas e amargas sobre vida, morte, amor, dor, espera, conflito, confusão, superstição. Situadas entre humor, tristeza e dúvida, elas compõem uma paisagem interior fragmentada, à semelhança das páginas espalhadas de um caderno, com muitas páginas brancas, que se tornarão amarelas com o passar do tempo. Os Postais não enviados são desenhos com destinatário, ainda não enviados. A maior influência advém da literatura ou do dia-a-dia, onde muitas vezes encontramos uma quantidade enorme de energia emocional e todas as faíscas criadas por esses sentimentos intensos. Max Blecher, James Joyce, Milorad Pavic, Virginia Woolf são figuras transitórias que figuram nos desenhos, ora de forma alusiva, ora como citação.
Exposição estará patente até ao dia 30 de novembro de 2013.
Casa Museu Guerra Junqueiro,
Rua Dom Hugo no.32, Porto
Horário: 10:00 – 17:00
Telefone: 22 200 3689