
Também chamada de "arte generativa", "arte interativa", "net art", a arte digital combina conceitos tradicionais (pintura, escultura, música, desenho, etc.) com a performance do espaço virtual. O projeto online "A Ilha do Nevoeiro", um conceito da artista Laura Covaci, será apresentado nas redes sociais do ICR Lisboa na quinta-feira, dia 11 de março de 2021. Com o intuito de trazer para o primeiro plano as etapas do desenvolvimento da série "A Ilha do Nevoeiro", o público receberá um convite para o "laboratório" do artista para observar as suas várias técnicas, desde o clássico desenho às técnicas digitais: CS5 (photoshop) e Zbrush (modelação 3D). O projeto inclui, além de arquivos de vídeo flash / GIFs, detalhes das obras acompanhadas por fragmentos das "fichas clínicas".
As obras da Laura Covaci foram apresentadas em galerias, museus e coleções privadas do mundo inteiro, de entre os quais assinalamos Grand Palais/ SAGA Paris, Le Musee Imaginarire de l’Espace/ Galerie Serge Aboukrat, Benetton Foundation, ING Bank, The European Bank of Developement, Elle Magazine Los Angeles Private Collection. Laura Covaci tem uma biografia artística de navegador solitário. Termina a sua aprendizagem em Bucareste - pintura monumental – , depois da qual embarca numa viagem pelo mundo fora, guiada por uma bússola cuja lógica e mecanismo desafiam o Norte conhecido e as estrelas fixas - mestres, correntes e técnicas artísticas. Nos Estados Unidos, em Atlanta (Trinity Gallery), onde permanece alguns anos, já tem a sua própria linguagem, uma forma reconhecível de pintar e de pensar as artes plásticas. Inventa o surrealismo proletário (corrente de que é a única representante), mostrando, com sarcasmo e iluminações de ternura, personagens com robustez estatuária, com atitudes que lembram gestos anquilosantes e a ênfase das representações oficiais do período comunista, na rotina desconcertante de um quotidiano completamente desideologizado, às vezes apenas sensual, na maioria das vezes sutilmente perverso. Deparamo-nos aqui com "du mécanique plaqué sur du vivant", mas o efeito não é cómico, nem sequer irónico, mas profundamente ansiogénico. A partir de 2005 muda-se para Paris, onde trabalha com uma nova galeria (ChichePortiche). Já tem uma linguagem diferente, continuando a trabalhar, no entanto, em grandes áreas, praticando com minúcia e paciência uma arqueologia do desespero, tirando das prateleiras e dos recantos do inconsciente imagens chocantes de solidão coletiva. Realiza, simultaneamente, trabalhos de instalação, colagem e escultura, abordando técnicas mistas. Esta viagem da exaustão que acaba por impulsionar, chegou, atualmente, na sua fase de high-tech. Laura Covaci pinta na tela, digitaliza, vê 3D, explora os mundos futuros e do além, o passado sem futuro e o futuro do passado, com a mesma naturalidade com que costumava tecer com o pincel, os seus alucinantes planos de fundo em têmpera, óleo ou acrílico.
A Ilha do Nevoeiro. O nevoeiro utilitário é uma coleção hipotética de robôs minúsculos (foglets) que podem reproduzir uma estrutura física inventada pelo Dr. John Storrs Hall, em 1989. O nevoeiro utilitário poderia "povoar" um planeta, sendo uma matéria capaz de substituir qualquer instrumento físico necessário à vida humana. "A ilha do Nevoeiro" é um lugar utópico derivado desta teoria, um mundo primordial, embrionário, nascido como Afrodite da "espuma do nevoeiro utilitário". Concebidas como uma radiografia desse futuro, um topos possível que poderia ou não em certo momento controlar o seu próprio destino, as obras são povoadas por seres que lembram a engenharia genética e que se movem ou flutuam ao lado de uma instrumentária gerada porventura pela sua própria imaginação: "Seringa - totem, laboratório, espada a atravessar os mundos, a transportar mundos", "Cruz - escada", "Mundos fora das meninges" (a referência bio da artista), "Esqueleto em flor", "Gotas - soro - fecundando o mundo". Os trabalhos serão impressos em vidro, usando as antigas técnicas de impressão (calotipia).